Um dos princípios básicos da física consiste em que nada se pode propagar a uma velocidade maior que a luz. Por outro lado, quem advoga as teses da física quântica , afirma que a matéria( e todos nós somos matéria uma vez que somos todos constituídos por átomos- Demócrito, na Antiguidade Clássica, já se referia a estes “pedaços de ser”- ) tal como a dita luz comporta-se como onda e como partícula. Todavia, o paradoxo resulta do facto deste “comportamento-movimento” depender da nossa própria observação.
A mecânica quântica enuncia uma visão totalmente probabilística do mundo. Um Ente não está em determinado lugar: há sim, uma certa probabilidade de que esteja ali. De facto, é possível encontrá-la em qualquer lugar do Universo. Várias dimensões paralelas coabitam, por assim dizer, e de entre as dimensões possíveis escolhemos a dimensão tridimensional. Esta dimensão, onde o tempo lhe dá cor( memória versus imaginário) é uma espécie de novelo para não nos perdermos, tal como Teseu, no Labirinto não de Creta, mas do Cosmos.
Face ao exposto, apercebemo-nos de que nada se encontra definido até ser medido; que não vemos os Entes em si mesmo, mas sim aspectos daquilo que são.
Ao longo dos tempos, este tema têm sido abordado de diferentes ópticas... No cinema através dos filmes limite do incomparável David Lynch; na literatura, através da “Divina Comédia” de Dante por referência aos círculos sobrepostos. Não serão os nossos processos mentais círculos/linhas paralelas? E nesses processos não criaremos o nosso próprio “inferno, purgatório e paraíso”?...Ou seremos como Alice, que ao olhar-se no espelho, cria e esgota os seus outros “Egos”?...
As decisões que tomamos não dependem da certeza e do consenso?....E ao optar por algo ou alguém para partilhar as nossas representações do mundo, activamos uma série de processos, tal como uma partícula subatómica só existe numa dada coordenada a partir do momento em que a observamos. Descartamos uma série de possibilidades e na incerteza da decisão abrimos a porta à acção/emoção. A isto chama-se, vulgarmente, consciência de si e passamos do Ente ao Ser de Heidegger.
O cérebro humano trabalha como um todo e que a cartografia de certos estados mentais e emoções é de todo impossível. As emoções não passam de electrões rebeldes e imprevisíveis.
Uma emoção tal como uma partícula subatómica, só ganha substrato, isto é revela um sentimento profundo por algo ou alguém, quando decidimos exprimi-la; tal como uma cor só ganha cor num quadro impressionista quando o pintor decide usar o melhor pincel;senão mais vale o silêncio, o qual representa o cone de luz da nossa própria afirmação ou negação num tempo sem horas e num espaço sem lugares...